O poema está no aeroporto
Sem título
Esperando que alguém magnético o atraia com uma placa de ferro revelando seu nome.
Eu ando vendo coisas. Sabia? De maneira corriqueira simples assim sem elipse
mesmo
Enquanto espero na fila do supermercado e do mundo ou vejo meu cabelo crescer pelo retrovisor do ônibus.
Traz um verão para mim? Pode ser um bem pequeno
mesmo
mais se não couber na mala duas andorinhas servem
Queria escrever mais
 mas
O poema está no ar PARADO.
Sem verso
Atravessado no meio da lua:
_Ô moço, vamos pela praia,tá? Por favor.

SAMSKARAS: A sublime arte de apertar botões ou Coisas a dizer as pessoas no ponto de ônibus

Moça, é uma história de amor, né? Sempre é.
E você está assim por causa do amor...Não, estou assim por causa da história.





Amanhã eu me apaixonarei por você irremediavelmente assim que acabar de ler meu livro. Há vinte anos eu tinha uma bicicleta rosa e o Cazuza morreu 2010: uma odisséia no descompasso NUNCA MAIS CHOVEU DEPOIS DE VOCÊ. Sumi para ver se você aparecia essa foi a coisa mais perniciosa que eu ja disse a alguem PARA SEMPRE talvez tenha sido pior e meu-deus-do-céu você acreditou, né? Confesso que por um momento o prazer inebriante de proferir essas palavras me embriagou a tal ponto que eu tambem acreditei, acredita? Amanhã já é Natal penso que realmente poderíamos nos ver com mais frequência já que moramos NO MESMO PLANETA. Mas olha, não precisa ficar franzindo a sobrancelha desse jeito senão eu acabo perdendo o rumo o sono e pior o ônibus e você acaba uma hora ou outra ficando vesgo mesmo aqui, não se esqueça (NUNCA) de guardar (PARA MIM) o biscoito da SORTE dá um beijinho na sua mãe e pede para ela continuar rezando, tá? Para eu ter um futuro BEM BONITO. Não, é claro que eu não queria ter dado o cachorro mais ele não tinha mais tempo para ficar cuidando de mim do mesmo jeito que você não ama loucamente porque a sua mente não é louca mais isso foi há sete anos e eu tinha vinte anos PARÁGRAFO Mais você tem certeza que você não quer ter filhos? Hoje não estou muito cansada podemos comprar pipocas e assistir as pessoas passando na rua? Mais hoje é domingo esta chovendo e nessa rua NUNCA PASSA NINGUEM. Então deixa pra próxima VIDA quem sabe o tempo para algumas vezes sabia? Dá uma espécie de ânsia(ou angustia) de rodoviária ainda bem que você nunca coube na minha mochila essa foi a única coisa que pensei quando aquele bandido me avisou de forma quase educada: Moça, eu não quero te machucar agora me entrega TUDO O QUE VOCÊ TEM please há vinte anos eu tinha um aquário e o Cazuza e todos os meus peixes MORRERAM. Quando eu crescer quero ter uma grama para deixar TODO MUNDO PISAR NELA. Porque será que eu não consigo ouvir a sua voz em NENHUMA dessas fotos? Deve haver alguma coisa muito mais muito errada comigo mesmo. Tá, não precisa dizer nada to usando aquele perfume que você gosta aquele que te faz lembrar alguma coisa que não tem ou simplesmente você não sabe o nome WHATEVER FLOATS YOUR BOAT eu vou deitar aqui e fazer de conta que tudo isso não é de faz de conta A MELHOR FORMA DE ESQUECER É LEMBRAR isso eu vi num filme do Jim Carrey aquele sobre lagos congelados e garotas de cabelos coloridos? e não importa o que aconteça: Amanhã eu vou esquecer você irremediavelmente assim que acabarem as cervejas. É claro que eu bebo também para ter IDÉIAS BRILHANTES mas nada que me tire o mérito de ser uma alcoólatra tá vendo já estou chegando no(S) ponto(S) como sempre sem vírgulas: O número ... ligou e não deixou NENHUM RECADO.

Dia dos Pais



Now I'm starting to see
Maybe it's got nothing to do with me


E tudo o que havia sobrado dele era aquele jeito de beber e de ouvir jazz e sobretudo de fumar: frenéticamente. Restaram alguns sorrisos tambem esquecidos em garupas de  motocicletas ou guardados em maços de cigarro de filtro vermelho.  Tambem o amor era assim vermelho e  acabava  e era sempre necessário substituí-lo por outro antes que fosse acometida pelo desconforto da ausencia embora tivesse a absoluta certeza de que nunca precisara realmente daquilo: para nada. Sempre aquele cheiro de chuva e de carne vermelha mal passada que aparecia algumas vezes surpreendentemente dentro de solos de piano e garrafas vazias de whisky trocentos anos. Nunca soube que tamanho era o amor que as vezes era preto e branco mesmo e cabia dentro de um filme mudo ou de um disco do Frank Sinatra. Talvez fosse do tamanho daqueles presentes que vinham desembrulhados Cavalo Cachorro Bicicleta rosa-de-cestinha e  milhões de histórias initerruptamente contadas em meio a músicas de orquestra polaróides velhas e cinzeiros esperando para serem esvaziados nos intervalos dos sorrisos que ficariam eternamente estampados naqueles copos pratos e talheres imundos deixados sobre a mesa.